A agrovila, o início do desmatamento e a Infraestrutura
urbana
A princípio, a intenção do governo do Estado era implantar a
agrovila (pequena cidade) às margens do Rio Buriticupu, (Povoado Buritizinho) a
começar pela construção da casa do próprio Dr. Boileau (administrador do
Projeto). Essa ideia foi concebida, naturalmente, em razão da proximidade de água.
No entanto,
o Dr. Boileau determinou a realização dos trabalhos topográficos da área, os
quais, depois de concluídos, evidenciaram a inviabilidade da implantação
naquela área, em razão de ser bastante acidentada. Imediatamente, ele passou um
radiograma para a Superintendência da COMARCO em São Luis, informando da
inviabilidade da área e sugerindo a implantação da agrovila numa área maior e
mais plana. A ideia foi acatada e Boileau resolveu sair à procura da área
ideal. Para encontrar a boa terra, bastou subir numa trilha no sentido da
cidade de Santa Luzia. Lá no alto, encontrou uma chapada coberta pela floresta
pré-amazônica, a qual oferecia uma bonita visão para todos os lados. Ali se
instalaria o I Núcleo de povoamento do que viria a ser a cidade de Buriticupu.
Os setores administrativos da COMARCO haviam de funcionar no
I e no II Núcleo Administrativo Avançado (NAA). Para isso, era necessário que
se desmatasse com a máxima urgência a área destinada ao I NAA (agrovila), onde,
em seguida, seriam construídos prédios como o Palácio Maracajá, um armazém de
consumo, uma padaria, um restaurante, uma igreja católica, alojamentos, um
centro comunitário, etc.
Os
serviços infraestruturais na agrovila – desmatamentos (cujos trabalhos tiveram
início no dia 15 de junho de 1973), abertura de ruas, serviços de drenagem e
nivelamentos – foram feitos pelas construtoras CIMEC e ECOL.
Estradas: para facilitar a locomoção dos colonos e o escoamento da
produção agrícola, a construção de estradas era obrigatória. A CODERMA e a ECOL
foram as construtoras contratadas para executar essas obras. O sistema viário
estabelecido seria composto de rodovias vicinais e trilhas, as primeiras com
seis metros de largura, interligando os povoados entre si e aos núcleos e
estes, por sua vez, à Rodovia 222, de forma que todos os lotes fossem servidos
por acesso rodoviário.
Energia: o suprimento de energia para o Projeto foi feito, no
primeiro ano, através de unidade termoelétrica. A partir do segundo ano, porém,
passou a ser beneficiado por extensão da rede proveniente da hidroelétrica de
Boa Esperança, ficando o uso de geradores reservado apenas para quando faltava
energia. As Centrais Elétricas do Maranhão (CEMAR) era a empresa responsável
pelo fornecimento de energia. Uma observação curiosa é que os postes de
iluminação pública eram todos de madeira – o que não chega a surpreender, se lembrarmos
de que se trata de uma região riquíssima em árvores.
Saneamento: com o objetivo de garantir às famílias
de agricultores que estavam prestes a chegar as condições de saneamento básico,
foi implantado pela Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão (CAEMA), um
sistema de fornecimento adequado de água potável, partindo de poços tubulares
equipados com moto-bombas, tendo como características um diâmetro de 150 mm,
uma vazão estimada em 10m3/h e uma profundidade média de 250m.
Nos povoados, o sistema funcionou com um
poço tubular para cada povoado, como fonte de captação, uma linha adutora, um
reservatório e um chafariz, tudo com capacidade proporcional à previsão de
consumo diário da comunidade.
O primeiro poço da agrovila foi perfurado
no ano de 1973, (onde depois foi implantado o hospital São Marcos de
propriedade do Dr. Júlio Donizete) funcionou por dois anos e logo “quebrou”. Em
seguida, foram construídos outros poços com chafariz para o conjunto dos
colonos, (onde atualmente é o bairro Caeminha), tendo sido também instalada uma
rede para distribuição de água nos locais de maior interesse do Projeto. Mas,
além de poços, uma alternativa encontrada mais tarde para atender as
necessidades hídricas dos colonos foi a construção de cisternas: durante o período
chuvoso, captava-se água, que era acumulada nos reservatórios. No entanto, a
quantidade que se conseguia armazenar não era suficiente: chegado o verão e sem
ter para onde apelar, os colonos muitas vezes eram obrigados a beber água do
Rio Buriticupu, que, diga-se, é inadequada para o consumo. Não se pode negar
que houve períodos em que a escassez de água se agravava ainda mais, em todas
as áreas da colonização. Muitos chegaram a beber água de cipós, por não haver alternativa.
por isaias Neres Aguiar
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